Lição 7 - A fé se manifesta em obras





TEXTO ÁUREO
"Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus" (Mt 5.16).



VERDADE PRÁTICA
Uma vez salvos em Cristo, o amor, materializado por meio das boas obras, torna-se a nossa identidade cristã.




INTRODUÇÃO

A lição de hoje trata da fé manifestada através das obras (Tg 2.14-26). Além de tal assunto ser imprescindível à vida cristã -, pois, sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6) -, é preciso reafirmar que o crente é salvo pela graça, por meio da fé (Ef 2.8,9). Devendo o cristão andar por ela (2 Co 5.7), tendo em vista de que tudo aquilo que não é de fé, culmina em pecado (Rm 14.23). Entretanto, a fé não é uma fuga da realidade. Por isso, Jesus ensinou que a fé deve ser praticada (Mt 5.22-48). Nesta lição, igualmente, Tiago mostra que uma fé viva é autenticada pela produção de boas obras, pois não há antagonismo algum entre ambas - fé e obras. Conforme aprenderemos, na vida cristã, fé e obras não são distintas, mas complementares.






I - DIANTE DO NECESSITADO, A NOSSA FÉ SEM OBRAS É MORTA (Tg 2.14-17)


1. Fé e obras. Ao ler desavisadamente a Epístola de Tiago o leitor pode afirmar que ela contradiz os ensinamentos do apóstolo Paulo quanto à doutrina da salvação pela fé (Rm 4.1-6). Todavia, ao estudarmos cuidadosamente o tema em questão, veremos que os ensinos paulinos e os de Tiago em hipótese alguma se contradizem. Quando Paulo escreve sobre as obras, ele se refere à Lei - o orgulho nos rituais judaicos e na obediência a um sistema de regras religiosas - enquanto que Tiago, às obras de misericórdia ao próximo necessitado. O meio-irmão do Senhor não se opôs ao apóstolo dos gentios. Enquanto Paulo anunciava ao pecador a salvação pela graça mediante a fé (Ef. 2.8), Tiago doutrinava os crentes sobre a impossibilidade de vivermos a fé de Cristo sem manifestar os frutos de arrependimento (Mt 3.8). O primeiro preocupou-se com a causa da salvação e o segundo, com o efeito dela. 


2. O cristão e a caridade. "A fé não acompanhada de ação é morta", declara Tiago. "Fazer", "realizar" e "agir" são atitudes que integram a religião pura e imaculada: ajudar os necessitados nas suas necessidades. A fé, quando não produz tais frutos, é morta. A fim de ilustrar tal verdade, Tiago inquire retoricamente os servos de Deus dizendo que se oferecermos, a um irmão ou a uma irmã, que estejam padecendo necessidade, apenas uma palavra de "incentivo" e não lhes dermos as coisas de que eles necessitam, isso não resolverá o problema. Diante de alguém necessitado, o que precisa ser feito? Orar e despedi-lo sem nada? Se assim procedermos, nossa oração não servirá para nada. Aliás, como ensina João, a pessoa que não se compadece dos necessitados não tem o amor de Deus em sua vida (1 Jo 3.17,18). Tal aspecto já havia sido ensinado por Jesus ao dizer que, no socorro àqueles que precisam de ajuda, acolhemos o próprio Senhor (Mt 25.40).  




3. A "morte" da fé. A concepção de fé apresentada na Epístola de Tiago é a confiança em Deus: "Tu crês que há um só Deus?" (v.19). Logo, as obras de que Tiago fala, consistem na expressão da vontade de Deus, ou seja, amar o próximo, visitar os enfermos, defender os direitos dos pobres, praticar a justiça, etc. Esta é a fé viva em Deus! A epístola nos ensina que se amamos o outro, não amamos segundo as nossas concupiscências, mas segundo o amor de Deus por nós. Este amor nos estimula a amar o ser humano independentemente de quem ele seja. Ame o próximo e mostrará uma fé viva. Não ame, e se confirmará: a tua é fé está morta.



II - EXEMPLOS VETEROTESTAMENTÁRIOS DE FÉ COM OBRAS (Tg 2.18-25)


1. Não basta "crer". Tiago afirma que a crença teórica em Deus não significa muita coisa. Os demônios, igualmente, creem e estremecem diante do Altíssimo (Lc 8.26-33; Mc 5.1-10). Em outras palavras, eles "creem", ou sabem, que Jesus é o Filho de Deus. Entretanto, a confissão dos demônios não implica um compromisso de obediência a Deus. A verdadeira fé, porém, manifesta-se na prática coerente do servo de Deus com tudo aquilo em que ele diz crer. O autor da epístola demonstra que a fé não consiste em um discurso, mas em convicção autêntica, seguida da prática de obras de amor, pois é justamente isso que Jesus fez e ainda faz (At 10.38; Hb 13.8). Exemplificando esse ensino da fé compromissada com a ação, Tiago utiliza dois ricos exemplos do Antigo Testamento. 




2. Abraão. O patriarca Abraão, conhecido como "pai da fé", obedeceu a Deus quando o Senhor lhe pediu seu amado filho, Isaque. O patriarca de Israel já havia demonstrado confiança em Deus quando decidiu, por um ato de fé e obediência, partir para uma terra desconhecida (Hb 11.8,9). Agora, Abraão estava diante de uma prova de fé ainda mais dura: imolar o seu filho amado e oferecê-lo em sacrifício a Deus. Uma fé levada até as últimas consequências! A obra de Abraão demonstrou a sua confiança em Deus independente das circunstâncias. E nós, como estamos diante de Deus? Cremos quando vai tudo bem, e está tudo certo ou cremos apesar das circunstâncias?  





3. Raabe. Outro exemplo apresentado por Tiago é o de Raabe, uma mulher gentia e prostituta que vivia em Jericó durante a conquista da terra de Canaã pelos judeus. Quando Josué enviou os espias para olharem a terra, Raabe os escondeu e, mais tarde, os ajudou a escapar dos guardas de Jericó. A atitude de Raabe levou os espias a prometerem que nenhum mal aconteceria a ela quando os israelitas tomassem a cidade (Js 2.1-24). Raabe teve fé no Deus de Israel! Na certeza de que Deus daria aquela cidade ao seu povo, ela agiu para proteger os espias enviados por Josué. Por isso, Raabe, a prostituta de Jericó, foi justificada e constituída na linhagem do nosso Salvador, Jesus Cristo (Mt 1.5). É uma grande mulher que consta como a heroína da fé (Hb 11.31).



III - A METÁFORA DO CORPO SEM O ESPÍRITO PARA EXEMPLIFICAR A FÉ SEM OBRAS (Tg 2.26)



1. Uma analogia do corpo sem espírito. Para os que conhecem a Palavra de Deus, é inconcebível a ideia de um corpo vivo sem o espírito e a alma (At 20.9,10; 1 Ts 5.23). O teólogo britânico, John Stott, escreveu: "O nosso próximo é uma pessoa, um ser humano, criado por Deus. E Deus não o criou como uma alma sem corpo (para que pudéssemos amar somente sua alma), nem como um corpo sem alma (para que pudéssemos preocupar-nos exclusivamente com seu bem-estar físico), nem tampouco um corpo-alma em isolamento (para que pudéssemos preocupar-nos com ele somente como um indivíduo, sem nos preocupar com a sociedade em que ele vive). Não! Deus fez o homem um ser espiritual, físico e social. Como ser humano, o nosso próximo pode ser definido como 'um corpo-alma em sociedade'" (Cristianismo Equilibrado, CPAD). Sem o espírito, o fôlego de vida, o ser humano não é nada. Só podemos ser considerados humanos quando as esferas espiritual, física e social estão inseparáveis. Qual a relação desse assunto com a fé?




2. Da mesma maneira: fé sem obras é morta. "Assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta" (v.26). Tiago nos ensina que não faz sentido expressarmos uma fé verbalmente se ela não tem ação concreta. Como as pessoas constatarão que eu creio de todo coração em Deus? À medida que os meus atos em relação a elas revelarem o amor do Criador. Se não houver obras de misericórdia, amor, honestidade e carinho ao próximo, a nossa fé estará morta, sepultada. Podemos citar de cor e salteado o Credo Apostólico, o credo da nossa denominação e milhares de versículos da Bíblia. Mas se não houver ação, tudo não passará de argumentos sem vida. Deus nos livre dessa ignomínia!


CONCLUSÃO



Sabemos que o ser humano está vivo porque ele tem atividade cerebral intacta, os pulmões funcionam rotineiramente, o coração bombeia o sangue, irrigando todo o corpo. Isto é, o corpo humano está se movimentando naturalmente. Da mesma forma é a fé. Uma fé viva em Deus através do seu Filho, Jesus Cristo, justifica o homem de todo o pecado (Rm 5.1; Tg 2.18-25). Mas uma fé sem obras está morta! É como um corpo humano que não tem vida. Não respira mais. Que possamos viver todas as implicações reais de nossa crença em Deus.



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